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Flavia Souza: 25 anos de um grito no silêncio.

Flávia ao 10 anos de idade. Dois meses antes do acidente. Foto: Arquivo Pessoal de Odele.

Em 1998 o mundo caminhava para um novo milênio. Era chegada uma nova era de transformações em músicas, entretenimento, desenvolvimento social, arquitetura, cultura e tudo que nos remete socialmente até os dias de hoje.

Neste mesmo ano, Odele presenciou a vida se transformar bruscamente quando a sua filha mais nova Flavia teve os cabelos sugados pela piscina do prédio onde ambas moravam com o filho mais velho, Fernando.

No dia 6 de janeiro de 1998, em uma terça-feira de férias escolares para Fernando e Flavia, os irmãos decidiram passar uma tarde ensolarada na piscina. “Tchau “mami” Tô indo pra piscina” foi a última coisa que Odele ouviu a filha Flavia de 10 anos falar.

Flavia sabendo nadar, mergulhou até o fundo da piscina quando seus cabelos foram sugados pelo ralo. Nada se falava em 1998 sobre o perigo dos ralos de piscina, a preocupação maior eram os afogamentos corriqueiros aqueles que todos conheciam e falavam.

A menina brincalhona e falante como a família a descrevia foi socorrida com vida e levada ao hospital. A família de Flavia naquela época não sabia sobre um tipo de coma chamado “Coma vigil”, o que era comum se saber era sobre o coma tradicional aqueles vistos em filmes e novelas. Flavia viveria dali pra frente com coma vigil, abrindo os olhos para acordar e os fechando para dormir.

Houve inúmeras tentativas para Flavia despertar, um cachorrinho começou a fazer parte da casa, tratamentos específicos e a música que passou a virar rotina, nada adiantou.

9 anos depois, em 2007 com a ascensão dos blogs, Odele viu a tragédia se transformar em luta e no desejo que nenhum outro acidente com ralos de piscina aconteça e quem nem um outra criança seja vítima de um acidente tão silencioso e tão trágico. Nasceu então o “Flavia vivendo em coma”, onde Odele passou a escrever sobre a rotina da filha e sobre a luta que travou para que houvesse uma lei de segurança em piscinas.

Odele e empresários do ramo de piscinas em 2011. Foto: Arquivo Pessoal de Odele.

Projeto de lei aprovado.

Odele travou uma luta para que um projeto de lei de segurança nas piscinas fosse aprovado pelo congresso. Não foi uma luta fácil, depois de muitas idas e vindas nas várias comissões em Brasília, o antigo presidente sancionou a lei com vetos absurdos, como por exemplo a não obrigatoriedade da tampa de anti aprisionamento sobre o ralo. O veto foi derrubado

Em 2022, 24 anos depois do acidente de Flavia, a lei 14.327/22 foi aprovada. A lei torna obrigatória a segurança em piscinas como a tampa de travamento nos ralos.

De acordo com Odele em sua luta para que houvesse seguranças em piscinas, empresários do setor foram solidários.

Algo necessário a ser informado é que Flavia teve os cabelos cumpridos sugados, mas o acidentes com ralos de piscina não se remete apenas as meninas, em meninos a pele é sugada pelo ralo. Ninguém está imune.

Flávia realizando uma sessão com o fisioterapeuta. Foto: Arquivo Pessoal de Odele.

Flavia  

Em janeiro de 2023 completou-se 25 anos do acidente em que Flávia teve seus cabelos sugados pelo ralo da piscina. Hoje aos 35 anos, Flavia é cuidada pela mãe e por uma equipe médica que passou a trabalhar na casa de Odele cuidando rotineiramente dela.

Em uma entrevista publicada em 2021 no Podcast “Falando sobre isso”, Odele descreveu os bons cuidados que a filha recebe durante sua rotina por parte da equipe médica como por ela, a mãe.

A história de Flavia é uma mudança de percepção sobre perder alguém, como se apenas a morte fosse algo real, algo concreto e nos ensina o que não pode ser ensinado, a vida da forma que ela é e a barbárie que chega sem aviso prévio a ninguém.

Não se pode saber o último pensamento de Flavia antes do acidente tampouco o último pensamento de Odele antes de ouvir o filho Fernando gritando por socorro mas podemos saber sobre como foi e como é a luta de Odele através de seus textos publicados no blog “Flavia vivendo em coma”.

“Querida Flavia

A história mais dolorosa que escrevi foi a sua.

Penso em como seria bom sentar e conversar com você

Sobre por onde você voa, pássaro calado entre nós.

Diria sobre o bom do mundo, aqueles impossíveis de serem descritos em livros de história.

Te apresentaria dias coloridos, os mesmos de sua infância.

Se puder, quando der nos ensine pelo seu mundo particular voar.

(Texto escrito pela jornalista Lannielle Sousa em 2021).

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SOBRE LANE SOUSA

Lannielle Araújo de Sousa conhecida como “Lane Sousa” é uma jornalista formada pela Universidade de Ciências e Tecnologia do Maranhão – Unifacema.

Atua nas áreas de jornalismo digital e radialismo. Deste 2020 comanda o podcast de entrevistas e entretenimento o “Falando sobre isso”.

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